EM CADA ESQUINA UMA MINA (DE DIAMANTES)

A multinacional De Beers identificou oito novos kimberlitos (rochas associadas à produção de diamantes) em Angola, na Lunda Sul e juntou-se à Endiama para explorar mais seis áreas no país, revelou o presidente da empresa.

Al Cook, que se encontra em Angola para participar na 2.ª Conferência Internacional dos Diamantes de Angola, mostrou-se satisfeito com o regresso da empresa a Angola, em 2022, elogiando as reformas do Executivo liderado pelo Presidente do MPLA (partido no Poder há 49 anos), general João Lourenço, e a melhoria da transparência que permitiram à multinacional voltar.

Actualmente, a empresa tem duas licenças de exploração mineira em Angola, encontrando-se ainda na fase de prospecção, recorrendo a meios aéreos para fazer levantamentos electromagnéticos antes de iniciar a fase de escavações, disse o responsável da De Beers, à margem da conferência que decorre em Saurimo, capital da Lunda Sul, região onde se produz a maioria dos diamantes angolanos e na qual a população vive em extremas condições de pobreza.

A De Beers tem estado também a trabalhar com o Governo do MPLA na área de desenvolvimento de políticas, lapidação e marketing, para que se possa, não só produzir os diamantes, mas também comercializá-los como “uns dos melhores diamantes do mundo”.

Questionado sobre a duração desta fase de prospecção, disse que não tem um período definido, já que a exploração só se inicia se se encontrar um kimberlito (a pedra que contem os diamantes) com viabilidade comercial e económica.

“Aí começaremos os nossos projectos, e, se formos bem-sucedidos, isso levará à primeira produção por volta de 2030”, adiantou. Al Coook escusou-se também a referir os valores de investimento, assegurando que são de grande montante, e deu como exemplo a mina de diamantes que a De Beers está a desenvolver na África do Sul e onde já investiu 2,5 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros).

Esta actividade com aeronaves de pesquisa, apoiadas por um helicóptero, permitiu ainda identificar oito novos kimberlitos de elevado potencial em que a De Beers está a trabalhar, na província diamantífera da Lunda Sul, bem como outros seis projectos, em conjunto com a diamantífera estatal angolana Endiama, em todo o país.

Al Cook abordou ainda o tema da rastreabilidade de diamantes em Angola, na sequência do anúncio feito na segunda-feira pelo secretário de Estado para os Recursos Minerais angolano que anunciou a aquisição de uma máquina pela Sodiam (empresa estatal angolana de comercialização de diamantes) para rastrear diamantes e certificar a sua origem.

“Pela primeira vez na história temos essa tecnologia, que nos permite traçar a história de cada diamante. Actualmente podemos dizer se é um diamante da Namíbia ou do Botsuana e vamos poder dizer às pessoas que estes diamantes vêm de Angola. Temos de fazer com que os diamantes de Angola sejam realmente vistos como algo de valioso”, sublinhou.

Em 30 de Junho de 2015 foi anunciado que o Plano Nacional de Geologia (Planageo), permitiu até então o levantamento aéreo do potencial geológico numa área equivalente a 48 por cento do território nacional.

Segundo informação transmitida pelo director do Instituto Geológico Mineiro, Makenda Ambroise, dos 22 blocos a sobrevoar pelos três consórcios internacionais contratados, um dos quais integrando o Laboratório Nacional de Energia e Geologia português, dez já estavam concluídos.

“Agora vamos saber das áreas voadas quais as que são de interesse para avançar com o levantamento intensivo, onde teremos trabalho de campo”, explicou aos jornalistas Makenda Ambroise, à margem do encontro nacional de técnicos angolanos das geociências, realizado em Luanda.

Avaliado em 405 milhões de dólares (363 milhões de euros), o Planageo permitiria fazer o mapeamento dos potenciais recursos mineiros, envolvendo levantamentos aéreos, recolha e análise de amostras, sendo um dos maiores projectos do género a nível mundial, com conclusão então prevista para 2017.

Envolveu, foi dito em 2015, a construção de dois laboratórios regionais, no Lubango (província de Huíla) e em Saurimo (província de Lunda Sul), para tratamento e análise de amostras no âmbito deste levantamento do potencial mineiro de Angola. Previa ainda um Laboratório Geoquímico Central em Luanda, sendo que os três equipamentos já estavam em construção e com início de funcionamento previsto para o primeiro trimestre de 2016.

“Permitirá que o país, pela primeira vez, tenha laboratórios próprios para tratar a informação [que vai resultar do Planageo] localmente”, sublinhou o director do Instituto Geológico Mineiro de Angola.

Este projecto era descrito pelo Governo como um instrumento estrutural na estratégia de diversificar a economia, além do petróleo, sector que em 2014 representou 70% das receitas fiscais angolanas, mas cujo peso deveria descer em 2015 para 36,5%, devido à forte quebra na cotação internacional do barril de crude.

Estimava-se que Angola, com um território de 1,2 milhões de quilómetros quadrados, terá potencial para produzir 38 dos 50 minerais mais procurados no mundo, nomeadamente ouro e ferro.

Em Abril de 2016, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, anunciou que o levantamento em curso sobre o potencial mineiro do país permitiu identificar “centenas” de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente de ouro, ferro e cobre.

“Os dados processados e interpretados revelam resultados que podem constituir novidades científicas e informação importante do ponto de vista económico”, anunciou o então ministro Francisco Queiroz.

Na abertura do Conselho Consultivo alargado do Ministério da Geologia e Minas, em Luanda, o governante disse que com este levantamento, ainda que de forma provisória, “salta à vista a identificação de 763 alvos”, dos quais 138 foram classificados como “prioritários” para prospecção.

No final de 2015, o Planageo estava com 16 dos 22 blocos em que o país foi dividido já concluídos, representando então um cumprimento de 77 por cento da fase dos levantamentos geofísicos por via aérea.

O ministro Francisco Queiroz anunciou na altura que o levantamento em curso sobre o potencial mineiro do país permitiu identificar “centenas” de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente de ouro, ferro e cobre.

“Os dados processados e interpretados revelam resultados que podem constituir novidades científicas e informação importante do ponto de vista económico”, anunciou Francisco Queiroz.

Angola, como todo o mundo sabe mas que poucos dizem que sabem, é actualmente aquele país que para uma população de cerca de 36 milhões de pessoas tem mais de 20 milhões de pobres, tem potencial diamantífero nas regiões norte e nordeste do país, com dados que indicam para a existência de um total de recursos em reservas de diamantes superior a mil milhões de quilates.

Esta informação foi divulgada no dia 30 de Junho de 2017 durante a apresentação de um estudo sobre o “Potencial Diamantífero de Angola: Presente e Futuro”, realizado pelos serviços geológicos das diamantíferas russa, Alrosa, e da angolana estatal, Endiama.

No que diz respeito aos kimberlitos, são responsáveis por 950 mil milhões de quilates, enquanto que os aluviões correspondem a mais de 50 mil milhões de quilates.

O director-adjunto da Empresa de Investigação científica na área de pesquisa e prospecção geológica da Alrosa, Victor Ustinov, que apresentou o estudo, referiu que esses dados demonstram que o potencial kimberlítico de Angola é 15 vezes superior ao potencial aluvionar.

“Ao mesmo tempo, podemos dizer que em Angola existem territórios com muito boa probabilidade de descoberta de novos jazigos de diamantes”, disse, acrescentando que a empresa conjunta da Alrosa e Endiama, a Kimang, estava a realizar os seus trabalhos de prospecção geológica numa dessas áreas.

O estudo referia que Angola tem territórios com grandes probabilidades de descoberta de diamantes.

Os resultados da pesquisa apontavam que os territórios, que abrangem as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Malange e Bié, apresentam alto potencial diamantífero, e sem probabilidades de existência de diamantes as províncias do Uíge, Zaire, Luanda e Bengo.

Com potencial provável, o estudo indicava os territórios integrados pelas províncias do Cuanza Norte, Cuanza Sul, Huambo, Huíla, Benguela, onde poderão ser descobertas reservas kimberlíticas com teor médio de diamantes e reservas aluvionares de média dimensão.

Ainda por esclarecer, na altura, o seu potencial estavam as províncias Cuando Cubango, Moxico e Namibe, devendo ser realizado trabalhos de investigação científica, defendeu o responsável.

Victor Ustinov sublinhou que uma vez realizados estudos de investigação adicionais é possível aumentar o potencial diamantífero de Angola em pelo menos 50%.

“Com o potencial de 1,5 mil milhões de quilates de diamantes podemos estar seguros que o sector de mineração vai se desenvolver de forma significativa”, disse, indicando trabalhos que devem ser desenvolvidos nesse sentido.

“É necessário desenvolver novos métodos de prospecção que permitam descobrir jazigos kimberlíticos e aluvionares a grandes profundidades, usando métodos de estudos geofísicos, geoquímicos, análises de imagens espaciais e estudos analíticos”, disse.

A finalizar, Victor Ustinov sublinhou que o potencial diamantífero de Angola “é muito alto e nos próximos anos o país será palco de grandes descobertas”.

No final dessa apresentação, em declarações à imprensa, o então ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queirós, disse que a informação apresentada é de grande utilidade para Angola, “não só para efeitos pedagógicos, científicos, como também para o trabalho que se está a realizar de recolha de informação ao nível do Plano Nacional de Geologia (Planageo)”.

Francisco Queiroz disse que Angola estava a trabalhar com as autoridades da Rússia para a recolha geológica em posse russa, trabalhos realizados para integrar na base de dados do Planageo.

Folha 8 com Lusa

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